domingo, 13 de abril de 2014

Santa CatarIPA - Versão final

   Muito tempo sem postagens, mas muitas novidades.
   Desde que coloquei meu último post, me dediquei a aperfeiçoar uma receita de IPA que fosse perfeita para mim.
   Foram 4 levas que me levaram a, finalmente, encontrar a batida perfeita. Não é só a receita que proporciona uma boa cerveja, mas o processo em si.
   Vou dividir em tópicos tudo aquilo que nunca mais deixarei de fazer em minhas levas. Seja qual estilo for. Interessante é que são práticas onde não pensei em me aventurar quando estava no início, mas agora vivenciei que fazem a diferença.
    1- Receita: A receita da minha última leva foi a melhor. A redução gradativa de malte caramelo foi fundamental para que ela ficasse no ponto certo.
Além disso, o extrato de lúpulo que usei na última leva  proporcionou um amargor limpo e agradável.
   84,5 %  Pilsen
   5,6 % Cara-Pils/Dextrina
   5,6 % Caramel/Crystal - 20L
   4,2 % Candy Sugar  (o original de beterraba)
   5 g extrato de lúpulo Aurora - 60 min.
   10 g Centenial  - 30 min
   2 g extrato de lúpulo Aurora - 30 min.
   15 g Simcoe - 15 min
   10 g Amarillo - 15 min
     WLP001 com starter de 36 hs.
     OG: 1,070 / FG: 1,013
     IBU: 60 

Extrato de Lúpulo 40% A.A
   2 - Mostura: 50 ⁰C - 10 min.
                       66 ⁰C - 50 min.
                       74 ⁰C - 10 min.
                       Fervura - 60 min.
   Esta configuração trouxe uma cerveja com pouco corpo mas sem ser seca. Gostei muito.
   Algo que aumentou bem minha eficiência foi a adição de pH Stabilizer 5.2. Fica aqui uma dica: sempre que adicionava o pH Stabilizer na água eu não via o pH indo para 5.2. Um colega me disse que por ser um tampão, o pH deveria estar próximo ao desejado para então mantê-lo assim. Passei a colocar o PH Stabilizer depois dos 10 primeiros minutos da brassagem. E funcionou.
   Eu não entendia muito bem quais os benefícios em se ajustar o perfil da água com sais. De maneira bem resumida - bem resumida mesmo -  um perfil de água com predominância de íons sulfato acentuam características de amargor; já com predominância de íons cloreto, auxiliam no caráter maltado.
   Como é uma IPA, ajustei para 180 ppm SO4 e 50 ppm CL. É difícil dizer que este ajuste foi fundamental, mas psicologicamente funcionou. E como tudo tem uma certa lógica, prefiro acreditar que vale a pena.
Sais para ajuste do perfil da água

     Quem quiser mais detalhes pode baixar o livro Water: A Comprehensive Guide for Brewers (http://uploaded.net/file/nga4rzbs)
    3 - Fermentação: Usei o US-05 2 vezes e o WLP001 2 vezes. A única diferença foi na eficiência da fermentação. O fermento líquido teve uma maior conversão - uma IPA com FG mais baixa tem seu valor.
   Um bom starter é imprescindível. Agora sempre uso 2 litros com adição de nutrientes. Deixo decantar o fermento e jogo fora o excesso. Só coloco no fermentador uns 500 ml dos 2 litros inicial.
   Paciência é a alma do negócio. Foram no mínimo 13 dias de fermentação a 19 ⁰C até a conversão total.

   4 - Dry hoping: Após muito pesquisar e tentar algumas técnicas, achei ideal fazer o Dry Hoping no fermentador secundário. Após a fermentação completa, transferi a cerveja para um fermentador secundário para tirar o excesso de fermento e adicionei 40 gramas de lúpulo. 20 g de Simcoe + 20 g de Cascade
   Usei um saquinho para colocar os pelets e deixei a 15 ⁰C por 6 dias. Coloquei um peso dentro dos saquinhos para não boiarem.

   5 - Maturação: Retirei o saquinho com lúpulo e adicionei gelatina. Coloquei para maturar a 0 ⁰C por 10 dias. Resultado: uma cerveja super limpa, vem aromática e sabor incrível.

   6 - Carbonatação: 2 Kgf de co2 nas primeiras 24hs e depois 0,8 Kgf até a estabilização da pressão. Apanhei muito para acertar o nível correto de carbonatação. Mas esse aqui deu na medida.

   Comparando com algumas cervejas comerciais de nome, fico feliz em anunciar que, para o meu paladar, não devo nada para nenhuma delas.